quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Projeto Novo

Acabo de criar um novo blog, Zapping, que diferente desse espaço, que é dedicado a qualquer assunto do meu interesse, será exclusivamente dedicado aquele que é ainda o meio de comunicação mais popular da humanidade: a televisão. O novo blog terá uma visão opinativa da televisão, sendo abordada tanto a Tv a cabo quanto a aberta.

O endereço é:tevezap.blogspot.com

Não deixem de visitar.

Gabriel Caio Corrêa Borges

sábado, 17 de outubro de 2009

Old Wave






É difícil encontrar algo mais chato do que revival dos anos 80, quem deu uma olhada no Almanaque dos anos 80 sabe do que eu estou falando. Diferente dos saudosistas dos anos 60 e 70 que ficam mais “na nossa época” (que, mesmo assim, não deixa de ser um porre), o saudosista dos anos 80 fica naquela de “nos anos 80” (frase repedida constantemente no referido almanaque) que apesar de parecer medíocre, carrega uma dose pesada de romantismo que é incapaz de discernir as coisas boas das coisas ruins. É só conferir, o saudosista dos anos 80 gosta de lembra de tudo da referida década, do “Xou da Xuxa” até o boneco do Fofão, passando pelos Smurfs.

Porém, das varias coisas que ficaram enterradas no fundo do baú das saudades dos anos 80, desenterro um gênero musical hoje presente apenas nas rádios “adultas” das Fms, falo da New Wave. Ou seria melhor Old Wave, pois é difícil encontrar um gênero musical mais datado do que o empreendido por aqueles músicos.

O senso comum tende a ver a New Wave como um estilo musical de qualidade duvidosa cuja principal característica é o uso excessivo de sintetizadores e em que a grande maioria das bandas só tem um hit. Porém não é muito conhecido o fato de que a New Wave nasceu como uma irmã mais nova (e inocente) do Punk cujo surgimento também foi no lendário bar CBGB. No inicio não havia, ou era raro, qualquer sinal do bem e velho (ou ruim e velho para alguns) sintetizador que marcou os anos 80. Sem contar que seus primeiros artistas deste gênero são tidos hoje como clássicos do Rock (no inicio, a New Wave ainda era ligada musicalmente ao Rock) como “Blondie” e “Talking Heads”. Os sintetizadores que viraram meio que a principal característica a do gênero passaram a ser utilizados com mais freqüência por grupos como o Devo.

Grande parte dos grupos de New Wave ficaram marcados como “one hit wonders”, ou seja, bandas que só conseguiram emplacar uma musica nas paradas de sucessos e são conhecidos apenas por essa música. Pode-se dizer que na maioria desses casos a música chega a ser maior que o próprio artista. Podem-se citar vários exemplos desse tipo de ocorrência: Os grupos “Frankie Goes To Hollywood” com o hit “Relax” (que chegou até a estampar camisetas), os “Modern English” com “I Melt With You”, o “Flock Of Segulls” com “I Ran (So Far Away)” e o músico “Thomas Dolby” com “She Blinded Me With Science”. Alguns grupos internacionais ficaram com essa alcunha por ter emplacado um único hit apenas na parada norte-americana, sendo que possuem vários sucessos em outros paises ou em sua terra natal, caso da banda britânica “Dexy’s Midnight Runners” famosos no mundo todo pela música “Come on Eillen”, mas na Europa já emplacaram outras músicas alem dessa.

A Mtv tem suas origens ligadas a New Wave, é só lembrar que o primeiro videoclipe veiculado pelo canal foi do grupo New Wave “The Buggles”, com uma música de nome sugestivo: “Vídeo Killed The Radio Star”. Muitos artistas New Wave lançaram verdadeiros clássicos da Mtv, podem-se destacar o Talking Heads que armou um interessante jogo de luz e sombra em “Burning Down The House” e fez seu vocalista dançar como um louco – muitas vezes simulando epilepsia – em “Once In A Life Time” e o “Devo” que criou um louco cenário do Velho Oeste em “Whip It”.

Um estigma ligado a New Wave é que se trata de música de má qualidade ou datadas. Provam o contrario artistas como os precursores da New Wave “Blondie” e “Talking Heads”, este fez Historia na música Pop por fazer vanguarda ao misturar músicas tradicionais tidas como exóticas com Rock, o electro-pop do Eurythmics, os hits do austríaco Falco e músicas marcantes como “Betty Davis Eyes” de Kim Carnes e “Its My Life” do “Talk Talk”.

A New Wave assim, como todos os modismos dos anos 80, foi deixada de lado, tendo ressurgido de forma irrelevante por grupos musicais saudosistas, ela hoje está tão datada como os modismos referidos, sendo mais apropriado o uso do termo “Old Wave” para defini-la corretamente nos dias atuais. Mas o responsável por esse blog achou que, diferente dos outros modismos oitentistas, ela tinha méritos e injustiças que mereciam um post.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A Reforma Eleitoral e a Internet: Fala Sério!

O Senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG) deveria passar mais tempo na internet, estudar como ela funciona para ver que ela é totalmente diferente da imprensa tradicional que conhecemos. Assim não tentaria cometer coisas como o artigo 45 da proposta para reforma eleitoral. O artigo prevê que a internet devera ser submetida às mesmas restrições presentes na TV e no radio durante o período de eleições. Serão proibidos os artigos que opinem sobre os candidatos e os partidos. Charges não serão permitidas. Entrevistas têm de ser com todos os candidatos.

Porém, se sites e blogs ficarão limitados a pura apatia política, os políticos que pretendem se candidatar poderão fazer uso da internet ora como meios de marketing político ora como forma de arrecadação.

Ao contrario do que o senhor Eduardo Azeredo aparenta pensar, a internet, diferente da maioria dos meios tradicionais como o radio e a TV, não é coordenada somente por grupos de comunicação bem articulados. É formada acima de tudo pelos usuários que não são meros espectadores como nos meios tradicionais e sim os seus maiores colaboradores. Permite, dentre outras coisas, por meio de blogs ou paginas pessoais, se tornarem formadores de opinião capazes de rivalizar com a própria mídia tradicional.

Por exemplo, quem vai visitar o blog Vi o Mundo vai encontrar matérias muitas vezes em prol da esquerda tradicional e contra os partidos de direita. Tem como seu contraponto o blog do Reinaldo Azevedo, hospedado no site da revista Veja, que traça uma visão negativa da esquerda tradicional e vê a direita com bons olhos. Longe do mundo dos jornalistas já conhecidos, ganham fama blogs anônimos como o Cloaca News e o Coturno Noturno (exemplo também utilizado pelo jornal Valor). O Cloaca alia-se ao governo Lula e tem uma visão negativa da oposição, principalmente do governador paulista José Serra. O Coturno, de autoria de uma pessoa que se autodenomina Coronel, traça uma visão negativa de Lula e de sua pretendente a candidatura para presidente Dilma Rousseff.

Agora, eu me pergunto, se os pretendentes a candidatos podem realizar seu marketing político na internet, mas os usuários não poderão opinar sobre esses candidatos, como ficam blogs como o Dilma13 que mesmo sendo de apoio a uma pretendente a candidata a presidente da republica, não tem qualquer ligação com a própria Dilma? E se o jornalismo deve conter ser igualitário entre os candidatos como ficam os sites jornalísticos ligados a partidos políticos?

E no mínimo patético, enquanto lá fora sites como o Huffington Post e o Politico.com tem ganhado respeito perante o publico justamente por serem opinativos, aqui temos que conviver com projetos políticos cujo retrocesso é digno do governo militar, nos mantendo em algum lugar do sé digno do governo militar, nos mantendo em algum lugar do século XX e nos impedindo de conhecer a democracia do Século XXI

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Michael Jackson, CIA e o espetáculo

Michael Jackson morreu deixando órfãos milhões de fãs e algumas dezenas de jornais de fofocas. Se é virtualmente impossível que o disco “Dark Side Of The Moon” do Pink Floyd deixe de ser tocado no planeta em qualquer instante eu não sei, mas é quase-certo que no momento em que escrevo esse texto alguém ou deve estar com o “Thriller” no radio do carro, ou deve estar arriscando um “moonwalk” na frente dos amigos. Certamente seus álbuns clássicos devem estar estourando nas prateleiras e um executivo ganancioso deve estar planejando lançar o álbum póstumo de Jackson antes que a saudade esfrie.

É lógico que alguns assuntos vêm com a morte. Não deixaram de fazer piadinhas infames que desrespeitassem um tema tão delicado. A mídia (sempre ela) não deixou de falar sobre a morte do astro, mesmo com temas mais importantes ocorrendo como o golpe de estado em Honduras. E o que dizer do funeral/espetáculo do astro (que eu não vi). Mas era esperado que cedo ou tarde fosse aparecer alguma teoria sobre a morte do astro. Surpreendentemente (mas nem tanto) os primeiros sinais de teoria conspiratória sobre o que aconteceu com Michael Jackson vieram da boca da irmã dele, Latoya Jackson, que disse que ele teria sido assassinado. Como se isso não bastasse, tem o Fantástico exibindo o vídeo do vulto que apareceu em Neverland.

Eu confesso que eu não ficarei surpreso se algum maluco publicar em sua pagina pessoal na internet que Michael Jackson foi morto pela CIA. Brincando de vidente arrisco dizer que esse maluco vai dizer que a CIA armou a morte de MJ para que ninguém repará-se no golpe de estado em Honduras. Se não a CIA, ele foi seqüestrado por Extraterrestres, como foi o Elvis. Ou, novamente ecoando o Rei do Rock, fingiu-se de morto para poder livrar-se dos fãs e da mídia.

Se o maluco vai falar que foi a CIA, problema dele. Já falaram isso sobre as mortes de Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix e até de John Lennon. O que eu sei é que estes caras e Jackson foram brilhantes em seus tempos áureos. Michael Jackson não inventou a música Pop como afirmam algumas revistas semanais, pois antes dele (levando em conta sua faze adulta, que é quando ele realmente passa a se destacar como criador) já existia o piano adocicado de Elton John, as produções de um certo Phill Spector e alguns outros artistas já faziam uma música que poderia ser qualificada simplesmente como Pop, sem ser rotulada como Rock, Soul ou outros títulos. O que Jackson fez foi reinventá-lo ao ponto de ser confundido com o próprio titulo como James Brown fez com o Soul e Elvis Presley fez com o Rock. Assim como estes, ele adicionou os elementos que faltavam, ou seja, gingado, um caldeirão multi-etnico e, principalmente, um grande espetáculo visual. Com Jackson o vídeo clipe e os Shows hiper-produzidos passaram a ser tão ou mais importante que a música em si, essa é sua grande herança, é só ver artistas atuais cujo talento musical é descartável, mas os Shows e os clipes sempre têm um apelo que chama a atenção do público.

Porém, apesar das mais de 100 milhões de cópias vendidas do disco “Thriller”, Michael Jackson não foi o artista mais influente dos últimos tempos. Esse mérito cabe melhor ao seu mestre, o também falecido James Brown, que influenciou diretamente toda a música negra de seu tempo e indiretamente todo o pop por intermédio do discípulo Michael Jackson.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Critica (!) literária

A partir desse post começo a escrever minhas opiniões sobre alguns livros que li. Não espere opiniões de um especialista, muito pelo contrario, apenas opiniões de um sujeito qualquer.


“A Volta do Idiota” de Álvaro Vargas Llosa, Carlos Alberto Montaner e Plinio Mendoza.



Como primeiro livro a ser analisado por esse sujeito qualquer, escolhi “A Volta do Idiota”. Vamos ao resumo do livro: Continuação do livro “O Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano” que ataca os “idiotas” – no entender dos autores, esquerdistas radicais e admiradores de Caudillos e ditadores – e advoga em defesa de uma ordem (Neo)liberal.

Comprei o livro por causa da interessante serie de documentários de Álvaro Vargas Llosa sobre a América Latina, dos quais só vi dois, mas serviram para atiçar meu interesse. Não nego que ,enquanto lia, acabei acreditando em muitas das coisas mais estapafúrdias que os três autores escreveram. Felizmente, já retornei ao mundo real para ver que as idéias do livro passam longe de serem consideradas sérias.

Vamos começar pelo “idiota” do titulo, é correto afirmar que muitos esquerdistas estão longe de ter os dois pés fincados na realidade (um exemplo é a afirmação de que nos EUA só existe “um” partido divido em dois setores, Republicano e Democrata, e depois aplaudir o uni partidarismo cubano). Mas os autores exageram e colocam muitos dogmas próprios da esquerda, como maior ação do estado, como coisas típicas de “idiotas” e põe como “inteligentes” os esquerdistas que professam os dogmas do livre mercado. A devoção a este segundo os autores, não é uma ideologia, mas uma “realidade” dos novos tempos dos quais todos os setores políticos devem se acostumar. Não a nada mais ideológico do que negar este caráter para o liberalismo e crer que todos os setores políticos devam professar o liberalismo como única opção é, no mínimo, ridículo.

Ainda sobre o “idiota” do titulo, os autores conseguem a proeza de inventar o paradoxo do “intelectual idiota”, ou seja, as obras intelectuais dessas figuras são importantíssimas, mas suas opiniões políticas são carentes de lógica e argumentos (o que, diga-se de passagem, muitas vezes não deixa de ser verdade). Eles não se limitam a AL, sendo encontrados no mundo todo. São eles: Noam Chomsky, James Petras, Ignácio Ramonet, Harold Pinter e Afonso Sastre, José Saramago é citado em apenas uma linha. Não há menções a Gabriel Garcia Márquez que professa todos os ensinamentos ideológicos que os autores desprezam.

A maior parte dos capítulos é dedicada aos governantes e aspirantes a governantes de esquerda da AL. Obviamente há muitas alfinetadas em Fidel Castro, Hugo Chavez, Nestor Kichner, Evo Morales e uma pequena alfinetada, em um na época recém chegado, Rafael Corrêa. Os aspirantes a governantes, ou seja, os que ainda não alcançaram os governos de suas nações são o Mexicano André Manoel Lopez Obrador e o peruano Ollanta Humala. Também fala de “recuperados” como Alan Garcia e Daniel Ortega (!...?). E claro os “esquerdistas vegetarianos”, que professam o livre-mercado ou algo próximo dele como Lula, o uruguaio Tabaré Vazquez e a chilena Michelle Bachelet (Hugo Chavez e Evo Morales são chamados de “esquerda jurássica”).

Reparando nesses capítulos encontram-se muitas coisas carentes de comprovação como, por exemplo, uma suposta conversa entre Hugo Chavez e Fidel Castro cujo propósito seria planejar a substituição da via revolucionaria para o socialismo por uma via sufragista, ou seja, o socialismo seria alcançado por via do voto. E fica a pergunta, como os autores deste livro tiveram acesso a uma conversa tão particular?

Outro defeito visível é o desconhecimento de que capitulo cada autor ficou responsável, o resultado muitas vezes é confuso e contraditório. Por exemplo: em um capitulo Lula e Tabaré Vazquez são tidos como bons exemplos de governantes de esquerda bem alinhados como o livre-mercado, mas em outro capitulo o autor põe os mesmos Lula e Tabaré como inimigos do livre-mercado. Obviamente os dois capítulos foram escritos por autores diferentes, mas o leitor não tem como saber quais eram.

O livro não se limita a AL, dedicando um pedaço de sua batalha contra os “idiotas” a Europa. Ataca-se o esquerdismo francês e seu partido socialista e também o “Buenismo” espanhol propagado pelo presidente José Luiz Rodríguez Zapatero, afirmando que ele deveria seguir os passos de seu antecessor José Maria Aznar. Elogia-se a terceira via do Trabalhismo inglês e da Social-Democracia Alemã.

Depois de rasgar criticas contra a esquerda latino-americana seus representantes e expoentes*, o livro preocupa-se em passar os exemplos que a AL deveria seguir como a Espanha de Aznar, Cingapura, o Leste Asiático, a Irlanda e a Estônia. Nem sinal da Islândia, talvez já deviam ter previsto a crise que se assolaria naquelas terras gélidas por causa do modelo que eles vêem como ideal, pena que esqueceram de prever a crise na Irlanda.

O livro nem sempre parte para a pura panfletagem (Neo)liberal com material difícil de ser levado a serio. O caso do capitulo dedicado ao Peru é um exemplo. Nele as afirmativas são convincentes e não totalmente desprovidas de fatos, como as causas da inclinação de Alan Garcia ao Liberalismo e o apoio que a esquerda deu a um general da ditadura militar peruana.

Destaca-se também a pequena sugestão de leituras indicadas pelos autores, não como “os dez livros para acabar com a idiotice” como pretendido por esses, mas sim como uma curiosidade sobre o Liberalismo moderno e, claro, como bons indícios de literatura como atesta o livro “O Zero e o Infinito” de Arthur Koestler.

Apesar dos bons momentos, os autores parecem advogar pelo pensamento único, negando o caráter ideológico do Liberalismo e fazendo crer que quem é contra ele deve ser taxado de “idiota”. Poderiam ter dedicado esse titulo aos exageros retóricos que infecta a muitos membros da esquerda como a apologia ao regime Castrista (e negação do caráter ditatorial deste) e o Anti-Americanismo que, muitas vezes, beira a tolice. Ao invés disso, optaram por fazer um panfleto que se assemelha aos de esquerda por considerar para a AL um único caminho possível, do tipo “nós estamos certos e eles errados”.


Nota:4,5


*Os expoentes da esquerda que me refiro são personalidades e movimentos sociais como Frei Beto, Maradona e o MST, atacados pelo livro. Surpreende que, dentre esses ataques, não sobra nem para as Mães da Praça de Maio, de grande importancia para a redemocratização da Argentina.

domingo, 24 de maio de 2009

Sobre heróis e vilões

Há pouco tempo atrás, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, proferiu um polêmico discurso na conferencia da ONU que pretendia tratar do racismo, cujo conteúdo, carregado de teor religioso, atacou Israel, os EUA, o poder de veto dado aos membros do conselho de segurança da ONU e o mercado. Alem do fato de que importantes países ocidentais, mais Israel, boicotaram a conferencia com a desculpa de que ela se transformaria em um palanque anti-semita, um grupo de representantes, todos vindos de países europeus, decidiu retirar-se durante o discurso como forma de protesto. Mas Ahmadinejad obteve a proeza de arrancar aplausos não apenas de povos do Oriente-Médio que não gostam da presença ocidental em seu território e se identificam culturalmente, em alguns aspectos, com o Irã. Obteve palmas de um tipo bem conhecido nessa região do Sul da linha do Equador, o militante de esquerda que sonha com o socialismo, sente certo ranço pelo império do norte e, finalmente, idolatra, de forma não critica, Fidel e Che Guevara.

Um bom exemplo pode ser conferido no mundo do ciberespaço. Em Blogs como o Vi o Mundo - que traduziu o discurso de Ahmadinejad – e em sites como o Observatório da Imprensa, nas alas dedicadas aos comentários pipocaram manifestações favoráveis ao discurso de Ahmadinejad. Coisas do tipo “o Irã mostra a sua superioridade moral sobre o Ocidente” ou “o Irã, em seus séculos de existência, nunca invadiu uma nação, enquanto os EUA já invadiram praticamente todo o mundo”.

Não demorou para vir o balde de água fria. Pouco tempo depois do discurso polêmico, viu-se a noticia de que o regime iraniano executou uma jovem pintora acusada de matar a prima. O problema é que as evidencias do crime demonstravam que só poderia ter sido cometido por um destro, e a jovem era canhota. Não importou, cometeu-se o chamado “homicídio legal” quando o próprio estado mata uma pessoa. Sobre isso, os mesmos que manifestaram a “superioridade moral” do Irã ficaram calados. Pior, alguns continuaram manifestando a tal superioridade como se o dito “homicídio legal” nunca tivesse ocorrido. Era uma “invenção da mídia” alguns diziam.

O grande lance é que, com aquele discurso, Ahmadinejad encarnou a versão moderna do individuo que, com suas idéias iluminadas, derrubaria o império opressor dos povos e seus cúmplices. Ou seja, a versão moderna daquilo que a esquerda latino-americana com pouco senso critico chama de herói. Como diria o jornalista Laster Bangs: “eles não seriam heróis se não fossem infalíveis, na verdade não seriam heróis se não fossem uns cães sarnentos miseráveis, os parias da terra, e mais, a única razão para se construir um ídolo é jogá-lo por terra novamente”. E como eles caiam por terra.

Vamos começar pela esquerda, Fidel e, claro, Che. Os dois protagonistas da revolução cubana que derrubaram um governo ditatorial corrupto e instalaram o primeiro regime socialista do hemisfério ocidental a poucos quilômetros do maior império capitalista do mundo. Uma pessoa ligada a esquerda mais radical tendera a falar que Fidel criou os melhores sistemas de educação e saúde da América Latina (o último quesito é discutível), que o IDH de Cuba é o mais alto deste lado do continente e, finalmente, que Cuba foi o único pais com peito de encarar os EUA e sobreviver. Alguns mais exaltados dirão ainda que Cuba é a “verdadeira democracia”. Porém não é nenhum mito que Fidel, no auge de seu governo, perseguiu desafetos políticos. Aderiu a uma política de moldes stalinistas que perseguia não apenas os desvios políticos como também os morais. Recorreu a políticas econômicas falhas como a da produção de cana nos anos 60. Manteve durante o seu governo apenas um partido político fantoche. E, claro, mandou um bocado de gente para o famigerado “Paredon”.

O fotogênico Che Guevara (foto a esquerda), cujo rosto até hoje ilustra camisetas no melhor molde do consumismo, pregava que a situação da América Latina só seria melhorada por via da luta armada. Também não era nenhum humanista, tinha uma intimidade com arma como poucos têm e não tinha receio em matar a sangue frio. Lógico, que se algum dia você falar que Che era um assassino para um de seus admiradores, ele vai simplesmente te chamar de reacionário e que ingere lixo da grande mídia. É um romântico, no mal sentido.

A direita também tem heróis. O que dizer de Duque de Caxias (foto a direita), patrono das nossas forças armadas, que derrotou os exércitos de Solano Lopes na Guerra do Paraguai. Para uma parte dos brasileiros o herói maior de nossa nação, para a outra parte, o sujeito que detonou praticamente com 2/3 da população paraguaia e praticamente deixou o país de Solano Lopes com uma população masculina quase inexistente.

Para a turma ligada ao lado direito da força, as “revoluções” militares que tomaram o poder para salvar a pátria dos “caudilhos” e “comunistas” tem um significado praticamente heróico. Ainda hoje, não resta duvida de que ainda existe gente - principalmente civis - que acha que os governos militares foram necessários. Poderiam alias fazer camisetas com o rosto do Pinochet estampado para se contrapor as camisetas do Che Guevara.
Não podemos nos esquecer de quem elegemos pra ocupar o lugar de vilões. Vou começar pelo maior deles, os EUA. A raiva que certos setores da nossa sociedade, em sua maioria de esquerda, sentem pelo governo e o empresariado norte-americano é tamanha, que não apenas se dão ao luxo de criticar a política externa dos EUA – que não raro é de fato agressiva – como também o ambiente interno norte-americano. Não é difícil encontrar em blogs comentários tratando os EUA como se fossem uma ditadura liderada pelas grandes empresas e que o presidente não passa de um “relações publicas” (e o presidente do Irã é o que ?). Como os vilões fazem os heróis, Fidel e Che têm um grande debito com o imperialismo norte-americano.

Como para essa turma os EUA não têm aspectos positivos, eles fazem questão de lembrar que a constituição norte-americana, a primeira com as características do Estado moderno, não aboliu a escravidão. Também é importante lembrar que os EUA destruíram a nossa cultura exportando a deles para o nosso território, mesmo que tenha muita coisa boa que não mereça ser chamada de lixo cultural.

Como o mundo da política divide-se em direita e esquerda. O inimigo principal será sempre o outro lado. Para a esquerda a direita é astuta e maliciosa e que está disposta a tudo para manter o status quo. Para a direita a esquerda são um bando de insanos que estariam dispostos a entregar suas terras ao MST e separar suas casas ao meio. Qualquer sinal do outro lado será sempre visto como algo execrável.

Nosso continente sempre foi pródigo em criar heróis e vilões. Os primeiros tidos como donos de grandes virtudes capazes de mover montanhas. Os segundos seres destrutivos e monstruosos que estariam dispostos a tudo para alcançar seus objetivos. Porém sempre nos esquecemos que os únicos que fazem jus a essas palavras ou são de alguma mitologia, ou são personagens de historias em quadrinhos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Deu TILT!

É gente, o Desolation Row anda parado nos últimos tempos. Um tanto pela falta de tempo, um tanto pela falta de assunto.

Por ser um blog democrático (apesar da figura autoritária ai do lado), os (poucos) leitores deste blog podem sugerir um tema que venha a ser comentado.

Mas não se preocupem, não está nos planos o fechamento. Mesmo com essa crise.


Assinado pelo Editor-Chefe: Gabriel Caio Corrêa Borges

sexta-feira, 20 de março de 2009

Fundo Do Báu E A Duração

Muitas pessoas que navegam na internet gostam de fazer uso desse fascinante meio de comunicação para descobrir aquela que seria a “nova banda do momento”. Visto que a internet permitiu, de forma interessantíssima, aos artistas se livrarem do parasitismo das grandes gravadoras que, muitas vezes, chegam ao cumulo de se meter no som para torná-lo mais rentável. O resultado é que nunca na Historia da humanidade esteve disponível tantos sons para os nossos ouvidos. Porém, não acredito que a maioria dessas bandas possa vir a ser lembrada no futuro, distante ou não. Mesmo algumas sensações, cujo sucesso na internet chegou até a abrir portas para outras mídias como o radio e a TV, tem o futuro nebuloso pela frente, visto que poucas são aquelas que permanecem na boca do povo por mais de dois meses.

Lembro-me ainda hoje de uma revista Bizz (a primeira que comprei, vale frisar) que anunciava as bandas que prometiam ser a salvação do Rock. Entre elas havia o fenômeno dos Artic Monkeys (álbum de estréia vendido mais rapidamente no Reino Unido), o grupo de Hard Rock australiano Wolfmother, os seguidores de Joe Strummer do Hard-five e o brasileiro Moptop. Bem, o Arctic Monkeys conseguiu continuar com o Hipe, lançou um segundo álbum que também foi muito comentado, mas ultimamente anda meio sumido. O Wolfmother e o Hard-fi, porém, caíram no ostracismo. Já o Moptop assinou com a Universal e lançou dois discos nesta gravadora.

Eu, porém, decidi seguir o caminho contrario a maioria dos internautas fãs de música. Dou preferência à busca por pérolas do passado. Essas pérolas podem vir de artistas imortais. Mas é mais interessante buscar esses tesouros daqueles artistas que ficaram restritos ao circuito alternativo em seu tempo, ou aqueles que ficaram esquecidos. Encontram-se no fundo do baú do Rock Clássico.

Uma boa referencia para buscar tais bandas é o site Digital Dream Door, especializado em listas sobre música. Por mais que as listas não escapem do clichê dos “100 melhores”, tem o interessante detalhe de que pode ver nomes desconhecidos ou restritos convivendo com artistas famosos ou Históricos. A lista das musicas psicodélicas é um bom exemplo. Nota-se que imortais como Jimi Hendrix e The Doors compartilham a lista com artistas raramente mencionados como The United States of América, H.P. Lovecraft (a banda, não o escritor) e outras dezenas de bandas que não tem seu nome escrito no All da Fama do Rock n’ Roll.

É mais difícil, se não quase impossível, encontrar algum disco dessas bandas no Brasil, principalmente no Espírito Santo. Pensei até ser um presente divino o fato de ter achado uma coletânea do Spirit - grupo de Rock psicodélico dos anos 60 comandado pelo guitarrista Randy Califórnia – em uma banca da Praia do Canto.

Pode-se dizer que muitos desses grupos que foram deixados para trás pelo tempo tem uma importância enorme naquilo que ouvimos hoje. Antes do Black Sabbath, por exemplo, o Blue Cheer já fazia um som pesado e distorcido. Os Monks (foto), em 1966, encheram os ouvidos com um som agressivo que influenciaria o Punk.

É interessante o esforço de algumas dessas bandas novas de negar o passado, visto que muitas tentam imitar o som que ouviram no vinil poeirento que o pai ou mãe guardam como lembrança de uma década que não volta. Como disse no começo do post, fica difícil adivinhar o futuro dessas bandas, visto não apenas a velocidade do sucesso que elas gozam, mas também a perda da importância do suporte físico (Lps, cassetes e Cds) o que dificulta o registro para as futuras gerações. Não se lançam mais aquelas obras primas que atravessam décadas e continuam atuais. Mesmo as bandas que ficaram no desconhecimento, tiveram a oportunidade de ter seus discos lançados por pequenas gravadoras, o que ajudou na descoberta de suas músicas pelas gerações futuras. Hoje, porém, por mais que os novos grupos ainda lancem discos, eles parecem mais um adereço opcional, algo que a banda decide se vai lançar ou não para faturar um dinheirinho.
Não tenho nada contra as bandas novas, tenho grande simpatia pelo Franz Ferdinand, pelo White Stripes e mais recentemente pelo neopsicodelico MGMT. Porém virou corrente deste século vinte e um a esperança de uma salvação do Rock, como se ele necessitasse ser salvo. Toda hora surge à nova banda do momento e o som não demora mais do que 10 dias para completar 100 anos e ser esquecido. As bandas antigas aprenderam a envelhecer direito tornando seu som cultuado até hoje. É como aquele livro que dura mil anos e continua sendo lido, mesmo quando pouco conhecido. Mas se as bandas da nossa geração não conseguem durar uma semana, fica difícil dizer o que falara pela nossa geração no futuro. É Andy Warhol* transformado de artista para Nostradamos.


* Andy Warhol afirmou certa vez que “no futuro, todos terão quinze minutos de fama”.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Echo and the Bunnymen e a Lua mortal

Os irmãos Gallagher, do Oasis, e o vocalista do Echo and the Bunnyman,Ian McCulloch, compartilham uma coisa em comum: a arrogância. Da mesma forma que os Gallegher, nos anos 90, falaram que das 100 melhores musicas, 99 são dos Beatles e uma é do Oasis (“Wonderwall”), McCulloch, nos 80, falou com 0% de modéstia que a melhor música de todos os tempos é “Killing Moon” do Echo. Também adoram espinafrar as bandas rivais, os Gallagher com o Blur e McCulloch com o The Cure. Porém, McCuloch tem, de fato, motivos para se arrogar.

Enquanto os irmãos do Oásis parecem fazer uma musica igual à outra, com raras exceções. McColloch, junto do guitarrista Will Sergeant, do baixista Les Pattinson e do baterista Pete De Freitas, fez do Echo and the Bunnyman uma das bandas mais originais numa época em que a mesmice imperava e fazendo sucesso sem sair do restrito circuito independente. Assim como os Beatles, eram de Liverpool. Mas não se limitavam a buscar influencia “apenas” no Fab Four. Tinham um leque que ia desde os ícones da psicodelia sessentista, em especial os Doors, até sons exóticos do oriente. A música que McColloch considera a melhor do mundo é uma obra-prima do Rock alternativo inglês que encanta os ouvidos com seus poucos acordes. Mas limitar a banda a essa música é um erro, visto que não pde-se desconsiderar clássicos como os riffs de “Rescuse” e “The Puppet”, os sons arábicos de “The Cutter”, a melancolia de “The Promisse”, o neopsicodelismo de “Do it Clean” e “The Back of Love” e, claro, a belíssima melodia de “Bring On The Dancing Horses”.

A banda nasceu da saída de McCulloch do grupo Teardrop Exploders, criado durante o aniversario de McCulloch. Este se juntou aos fãs de Doors Will Sargeant e Les Pattinson, acrescidos de uma bateria eletrônica chamada Echo que deu nome a banda. Mais tarde Echo foi substituída pelo baterista Pete De Freitas. Com Freitas, lançaram seu primeiro álbum, Crocodiles, pela gravadora Sire. Depois vieram os álbuns Heaven Up Here e Ocean Rain com o sucesso “The Killing Moon”. Nessa época, o Echo and the Bunnymen competia com o The Cure e The Smiths pelo titulo de principal banda independente do Reino Unido.

Durante as turnês, veio a tradicional disputa de egos, o que levou a saída temporária do baterista Pete De Freitas. Antes de sair temporariamente, o Echo and the Bunnymen lançou um álbum homônimo que viria a ser seu maior sucesso- 4º lugar na parada britânica. Com o retorno de De Freitas, o Echo tocou junto com o tecladista do The Doors, Ray Manzarek, numa releitura de “People are Strange” para o filme The Lost Boys(no Brasil foi traduzido para Garotos Perdidos). Em uma turnê com o New Order, McCulloch deixou a banda para tentar carreira solo.

No período sem McCulloch, a banda teve como vocalista Noel Burke, vindo do obscuro grupo St. Vilas Dance. Durante a gravação daquele que seria o primeiro álbum sem McCulloch, o baterista Pete De Freitas morreu num acidente de motocicleta. Substituído por Damon Reece, gravaram Reverberation. Depois do fracasso deste álbum, o Echo and the Bunnymen se separou.

Em 2005, McCulloch e Sergeant se juntaram para o retorno do Echo and the Bunnymen. Em 2006 lançaram o álbum Sibéria que foi muito bem recebido pela critica especializada.

Apesar do sucesso Europa, McCulloch não pretendia que a banda fizesse sucesso nos E.U.A. Não por anti-americanismo, mas devido ao trabalho que daria as vidas dos membros da banda.

O Echo and the Bunnymen é a principal banda do que foi chamado nos anos 80 de Neopsicodelismo, que eram bandas que visavam modernizar a psicodelia dos anos 60. Sua influencia pode ser sentida em diversas bandas da atualidade, principalmente as independentes.

Durante o ápice da banda, o Echo veio para o Brasil e fez um show tido como um dos mais memoráveis da década de 80 em solo tupiniquim.

Pode-se dizer que McCulloch e seus colegas são o melhor dos anos 80 que as radios esquecem de tocar e que os Gallagher ainda tem muito caminho a andar para chegar ao nivel do Echo and the Bunnymen.















quinta-feira, 5 de março de 2009

Pérolas da Tv a cabo: Fox News










Nunca acompanhei um programa se quer do canal de noticias Fox News. Toda vez que mudava para aquele canal, não ficava mais do que dez segundos. Também não fazia o mínimo esforço para traduzir o inglês acelerado daquela turma. Na verdade, a única coisa que ficava gravada era a musiquinha tosca que tocava durante os intervalos.

Antes de ir direto ao ponto, vou falar um pouco sobre o canal. O Fox News tem uma regra de ouro que é a seguinte: se você é conservador, não importa o quão absurda é a sua idéia, você ta dentro. Nas minhas “zapeadas” pela TV a cabo era possível confirmar isso, era comum encontrar figuras como Ann Coulter, a advogada que defendeu uma das acusadoras de Bill Clinton por assédio sexual aproveitando a notoriedade para divulgar suas idéias absurdas e Mike Huckabee, o ex-pastor evangélico que tentou concorrer a presidência pelo Partido Republicano, mas foi derrotado nas previas por John McCain e que ganhou um programa próprio no canal. A critica a esquerda é a missão dos seus jornalistas, como uma “Veja televisionada”. É propriedade de Rupert Murdoch, o maior magnata de comunicações do mundo.

Pois bem, ultimamente, quando estava “zapeando” pela TV, vi naquele canal uma coisa que me chamou a atenção. O apresentador, um tal de Glenn Beck, falava de forma extremamente sarcástica sobre a crise e a estatização de grandes bancos, comentando que esse era o momento para instalar um Estado socialista nos EUA. Depois, para a minha surpresa, ele chamou o convidado do momento: o lider do Partido Comunista dos Estados Unidos (CPUSA). É como se uma raposa fosse voluntariamente para a toca dos leões: crê-se inteligente o suficiente para ludibriá-los, mas acaba cedendo ao ambiente desfavorável.

Com essa entrevista, o apresentador tinha como objetivo simplesmente avacalhar Barack Obama. Durante a entrevista, ele tenta comparar Obama com Lênin, fala que o presidente Norte-Americano tem “tendências marxistas” pelo “fato” de que cercou-se de marxistas durante a vida toda e que agora a uma “diferença vacilante” entre os EUA atuais e os de antes de Obama. Ajuda também a simpatia do líder dos comunistas americanos por Barack Obama, do qual, apesar de não ser socialista, representa uma “liderança popular”.

Depois a entrevista descamba para a economia e depois para a batalha ideológica. Com um ar de piadista, o apresentador muda seu alvo para o convidado e passa a atacar as posições ideológica deste. Dentre os ataques, há a tradicional contagem do numero de mortos pelos regimes comunistas, o que gera uma pérola: quando o entrevistado tenta rebater lembrando que o outro lado foi quem criou Hitler, o apresentador fala a tradicional abobrinha lingüística de que Nazista significa “Nacional Socialista”, portanto era uma política de esquerda.

Eu, que nunca fui socialista, mas também não sou nenhum simpático do conservadorismo, achei tudo algo muito cômico. Pude constatar duas coisas: que é possível criar uma “veja televisiva” e que não é só a nossa TV aberta que contem bizarrices.

Criando emissoras de TV que transmitem pérolas como essas, não é a toa que tanta gente chiou quando Rupert Murdoch comprou o Wall Strett Jornal.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Clash Portenho
















Punk com forte influencia de Reggae e espírito rebelde numa época de repressão política, lembra Clash, não? Problemas com álcool e drogas e a morte de seu carismático líder, agora parece que estamos falando de Doors. Porém não se trata de nenhum dos dois e sim de uma desconhecida banda (para nos brasileiros) oriunda da nossa vizinha do sul metida á européia, a Argentina. Muito mais cool que a maioria das bandas melosas que o Rock latino gerou -talvez por ter um pequeno DNA escocês como mostrarei posteriormente- SUMO e seu líder, Luca Prodan, encarnaram o espírito do Rock n’ Roll de forma extrema.

A historia do SUMO começa quando Luca Prodan, um italiano com meio-sangue escocês e que vivia na Inglaterra, muda-se para os campos argentinos a convite de um amigo. Cansado da tranqüilidade campestre, mudou-se para Buenos Aires. Prodan e um grupo de amigos decidiram gastar toda a economia em instrumento musicais: Germán Daffunchio na guitarra; Alexandro Sokol no baixo; Stephanie Nuttal, uma amiga britânica, na bateria.

Com a explosão da Guerra das Malvinas, a Argentina passa por uma forte onda anti-inglesa. A língua inglesa passa a ser rejeitada pela população argentina, que foi contaminada por um grande fervor nacionalista. Por contar com uma integrante inglesa e cantar algumas músicas em inglês, a banda passou a ser hostilizada. No período, Nuttal volta para a Grã-bretanha e a formação passa por alterações: Sokol passa a tocar bateria e Diego Arnedo entra para a banda para tocar baixo. O Diretor da revista "El Expreso Imaginario", Roberto Pettinato, é convidado a tocar sax em alguns shows. Formação na qual a banda viveria seu ápice.

Mesmo gozando do status de principal banda do underground Argentino, Luca regressou a Europa e não dava sinais de retorno. Mas voltou para a Argentina em 17 de agosto de 1984. Com o retorno, o SUMO iniciava sua nova formação com os antigos Luca, Arnedo e Petinatto mais os novos músicos: Alberto Superman Troglio (bateria) e Ricardo Mollo (guitarra).

O sucesso rendeu para o grupo um contrato rentável da gravadora CBS. Porem, depois de um disco que continha hits de sucesso, o vicio em heroína e álcool agravou seriamente a saúde de Luca que morreu de parada cardíaca dois dias depois da ultima apresentação do grupo.

Lançaram apenas três discos: Divididos por la felicidad, Llegando los monos e After chabón, sem contar o póstumo Fiebre.

Como disse no inicio do post, a sonoridade lembra bastante os tempos mais inventivos do Clash, principalmente devido a forte influencia de Reggae. Mas também podemos ouvir ecos do bom e velho Velvet Underground em viagens experimentais como na música “Divididos por la Felicidade”. Sem contar que a imprevisibilidade de Luca como frontman lembra um certo Jim Morrison.

As letras não são nem de longe obras primas. Mas são capazes de deixar a mais atrevida das bandas do BrRock com inveja. Sem contar a versatilidade lingüística de Luca: músicas como “Noche de Paz” são cantadas em três línguas.

Portanto recomendo largar por um tempo o seu disco favorito dos Titãs e comprovar que a produção musical argentina pode ir alem do tango e de grupos de Rock melosos como Soda Estereo.





quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Dilbert











Em tempos de crise econômica, vale a pena ler a excelente tirinha Norte-Americana Dilbert. Criada por Scott Adams para passar o tempo nas reuniões chatas do banco em que trabalhava, é perfeita para rir do ambiente corporativo e de seus personagens. De tão hilária dá-se a impressão que Adams estava desperdiçando o seu talento naquele banco.

Dilbert é um engenheiro que trabalha numa empresa do ramo da tecnologia, é obrigado a conviver com algumas das exigências mais absurdas e com os personagens mais bizarros que uma empresa poderia gerar. Personagens como: Wally o típico empregado preguiçoso e inútil; Dogbert o cachorro intolerante, egoísta e manipulador; Ratbert o rato burro e carente (e que já chegou ao cargo de Executivo-chefe da empresa) e um chefe que é invejoso, inexperiente e tolo.

Distribuída em 4.000 jornais em todo o mundo, pode-se disser que a tirinha deu um novo significado a expressão “capitalismo selvagem”, visto que a empresa em que Dilbert trabalha é uma selva em que alguns funcionários chegam a levar até um Arco e flecha para descontar as suas frustrações, o encarregado dos Recursos Humanos é um gato e novos funcionários assumem imediatamente cargos superiores aos de funcionários antigos. Nem as relações internacionais são poupadas, representadas pelo país fictício Elbonia, pais de Terceiro mundo cujo solo é coberto de lama e a tecnologia não existe.

Tamanho sucesso chegou a render produtos derivados como livros sobre o ambiente de trabalho escritos pelo próprio Scott Adams e pesquisas que utilizam as tiras como referencia.

Para finalizar, vale a pena lembrar que o cachorro Dogbert é o novo chefão deste Blog. Apareceu aqui e comprou 51% das ações, ou seja, sou agora um empregado de um cachorro prepotente, intolerante, manipu... quer dizer inteligente, esperto, mais esperto que a maioria dos idiotas que vivem nesse planeta, dos quais merecem ser eliminados. Até mais, vou eliminar idiotas com minha arma lazer(Dogbert).