sábado, 23 de abril de 2011

Juventude empacada

Depois de um tempo sem escrever pra este blog (na verdade, têm outros textos ainda em produção, mas tratam-se de contos que ainda vão demorar para serem publicados) voltei para tocar num assunto que vem chamando a atenção. No texto anterior, escrito no fim do primeiro turno da eleições, comentei sobre o núcleo jovem dos apoiadores de Marina da Silva pra presidência. Ao contrario do que ocorre em outros países, donde os jovens se mobilizam para votar em um candidato renovador, o voto da "onda verde" de Marina da Silva foi o voto de uma juventude majoritariamente conservadora, como ficou comprovado no segundo turno onde boa parte deles apoio incondicionalmente o candidato tucano.

Recentemente vemos demonstrações de que parte da nossa juventude não é apenas apática em relação a política. Cada vez mais jovens estão demonstrando seu ódio e preconceito. Fica bem evidente a vocação de parte da geração Y brasileira possui para o ultra-conservadorismo. Tá certo que isso não chega lá a ser novidade. Vemos cada vez mais comunidades que incitam o ódio em redes sociais, organizações de "movimentos separatistas" estaduais que não economizam pra falar mal da cultura trazida pelos migrantes e não é necessário comentar as inúmeras agressões de pitboys contra homossexuais nas grandes cidades do país. 

Engraçado é que essa guinada de um naco da juventude brasileira para o que existe de pior no pensamento conservador é impulsionada pelas redes sociais. Além das já conhecidas comunidades de orkut que incitam o ódio e o preconceito - que já causavam muita dor de cabeça para a polícia e o Google - vemos também a proliferação de perfis ultra-conservadores, alguns até beirando o fascismo, em redes sociais como o Twitter que não se incomodam de  despejar rancor contra atos progressistas tanto do governo e de movimentos sociais e de manifestar a sua preocupação com a tradição, familia e propriedade. Também vale apena lembrar dos twittaços preconceituosos que atacavam minorias ou que defendiam personalidades que incitavam o ódio na sociedade, muitas vezes fazendo eco para essas declarações de ódio. Não é raro ver que muitas dessas páginas e perfis em redes sociais possuem uma audiência significativa.

Pior é ver que nossa juventude está indo na contramão em um momento que mobilizações juvenis têm sido significantes para a ascensão e queda de governos no mundo inteiro, ajudando na renovação da política. Do conservadorismo "inofensivo" dos anéis de castidade com patrocínio de super astros ao ódio escancarado dos pitboys contra minorias nas redes sociais ou mesmo em locais físicos como a Avenida Paulista, nossa juventude tem feito um papel preocupante na reação contrária a conquista de direitos que muitos setores da sociedade brasileira lutaram por muito tempo para conseguir.