sábado, 27 de dezembro de 2008

O que Tom Jobim, Caetano Veloso e Bob Dylan tem em comum






Já se passou mais de quarenta anos que um dos eventos mais bizarros relacionados à ligação da cultura nacional com o combate a ditadura militar, e tudo que estivesse a ela aliada, se realizou: a passeata contra as guitarras elétricas. Essa idéia maluca de Geraldo Vandré - que na verdade era apenas uma forma de culpar Roberto Carlos e sua trupe pelo desinteresse do grande publico pela MPB e, conseqüentemente, pela baixa audiência do programa apresentado por Vandré na Rede Record, Frente Única, dedicado a MPB- resultou na mais estapafúrdia manifestação “antiimperialista” que já ocorreu na historia desse país. O “anti-imperialismo” se refere ao fato de que a intenção dos manifestantes era denunciar a “infiltração” da cultura Anglo-Saxônica (Norte-Americanos e Britânicos em geral) na cultura brasileira, invasão simbolizada pelo Rock n’ Roll e pelo seu principal instrumento: a guitarra elétrica. Dentre os participantes, figuras conhecidas e curiosas: Geraldo Vandré obviamente, Edu Lobo, MPB4, Jair Rodrigues, Elis Regina e Gilberto Gil.

Todo mundo sabe que, no tropicalismo, Gil se entregaria de corpo e alma a guitarra elétrica; Elis Regina utilizaria o “inimigo” com freqüência em seus shows que, muitas vezes, beiravam o Rock. Mas a curiosidade fica pelo fato de que a música de alguns puristas como Geraldo Vandré e Edu Lobo já contava com uma quantidade bem poderosa de influencia estrangeira. Os dois foram expoentes da segunda geração da Bossa Nova, gênero que, como diria Paulo Francis, é “50% Jazz”. Por mais que Vandré tenha tentado se afastar da influencia estrangeira da Bossa, não adiantou, é só ouvir algumas de suas músicas. Edu Lobo, por sua vez, nunca se distanciou da batida jazzística, suas composições confirmam aquilo que Francis disse: um equilíbrio entre o Samba e o Jazz. Procure a música "Borandá", ouça e veja se estou certo ou errado.

O mesmo estilo que era tão bem representado por Vandré e Lobo, já foi atacado por nacionalistas que, da mesma forma que os acima citados afirmavam sobre o Rock e a Guitarra elétrica, falavam que era uma afronta a cultura nacional, uma contaminação que empobrecia a música brasileira e que curvava a cultura popular aos porcos imperialistas do norte.

Na época, o Brasil vivia o período mais “americano” de sua Historia. Era pleno período pós-segunda guerra, os norte-americanos eram propagados como tudo aquilo que o brasileiro sonhava ser: fortes, heróicos, poderosos, amorosos, bonitos, inteligentes e, principalmente, livres. Tudo que era bom para os americanos era bom para os brasileiros. Consumia-se tudo aquilo que estivesse relacionado aos EUA: do obvio cinema até, acredite se quiser, livros. Cenas de cinema em que os protagonistas degustavam livros de John dos Passos e William Faulkner maravilhavam os espectadores brasileiros, que corriam para as livrarias para comprar seus exemplares. Críticos da americanização do Brasil existiam logicamente, os mais radicais eram remanescentes do lado mais extremo do Estado Novo- estes protagonizaram a bizarra tentativa de substituição do Papai Noel por uma figura indígena.

Para essas figuras, não existia símbolo mais puro do nacionalismo brasileiro do que a diversidade musical brasileira: do sertanejo ao samba passando pela erudição tropical de Villa-Lobos. A Bossa Nova era, portanto, a gota da água contra o purismo nacionalista. Devem ter pensado os nacionalistas: “como podem um bando de fanáticos por Frank Sinatra misturar o nosso amado samba com este sub-produto ianque”. Tom Jobim e João Gilberto eram constantemente alvos de criticas por sua influencia jazzística.
Passada mais ou menos uma década, foi à vez de Caetano Veloso ser visto como novo símbolo da contaminação ianque na música brasileira. Episodio que serviu mostrar que, se tratando de música, a esquerda é tão conservadora quanto à direita. O cenário foi o terceiro festival musical da Record; a platéia repleta de membros da UNE e outros estudantes universitários de esquerda, ainda animados com a passeata citada no inicio desse texto. Caetano subiu no palco acompanhado do grupo de Rock argentino Beat Boys. Logo trataram de mandar os primeiros acordes da música “Alegria, Alegria”. O barulho estridente da guitarra na introdução deve ter soado para os estudantes como um tri tono soaria para um bando de religiosos medievais. Não tardou para virem às vaias . Caetano respondeu: “Está e a juventude que quer tomar o poder? Se vocês forem em política como são em estética, estamos feitos”. O júri, que contava com figuras como o poeta Ferreira Gullar o humorista Chico Anízio e o cantor- e maior imitador de Roberto Carlos- Sergio Cabral, deu para Caetano o quarto lugar. Os estudantes não demoraram para taxá-lo como “alienado” e “cúmplice do imperialismo cultural”.

Caetano não foi o único atacado por “puristas” pelo uso da guitarra elétrica e do Rock n’ Roll misturados com a musica tradicional. No solo ianque, o mesmo que oferecia a munição para deixar os ultra-nacionalistas brasileiros, de esquerda e de direita, espumando pela boca, Bob Dylan, que na época era o cantor de Folk Music mais popular do pais e que atraia multidões para cantar hinos como “Blowin’ in the Wind” e “Mr. Tamborine Man”, chocou seus admiradores quando começou a misturar sua música Folk com, adivinhem só, a guitarra elétrica. O público era muito semelhante aquele que vaiou Caetano Veloso: estudantes universitários de esquerda. Os shows de Dylan passaram a ser acompanhados de vaias, arremesso de objetos para o palco e, inclusive, xingamentos como “Judas”. Apesar de excluírem a metáfora do imperialismo, os ouvintes de música Folk tradicional lembravam os “puristas” musicais brasileiros quando afirmavam que a guitarra elétrica era representante de um ritmo “alienado” ou desligado da critica as mazelas que afligiam a sociedade norte-americana naqueles tempos.

O que une Jobim, Caetano e Dylan é o fato de que todos eles foram alvo de ataques de conservadores, cada um no seu contexto histórico, que desejavam que a cultura fosse como um elemento isolado e que não se mistura-se com nenhuma forma suspeita, ou seja, foram vitimas do medo do desconhecido.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Rupert Murdoch sobre o jornal impresso

Não pude deixar de me sentir surpreso ao entrar no Observatório da Imprensa e ver o nome do magnata das comunicações Rupert Murdoch assinando um artigo. Ao abrir o link, descubro que não se trata de um artigo, trata-se sim de um discurso feito por Murdoch na radio australiana ABC que foi publicado pela Folha de São Paulo e reproduzido pelo Observatório.

Rupert Murdoch é acionista majoritário e executivo-chefe do conglomerado das comunicações News Corporation, responsável por varias marcas conhecidas do mundo das comunicações como a Fox, o site de relacionamentos My Space, a companhia de TV a cabo Sky e, mais recentemente, o jornal de negócios Wall Streat Jornal. Figura polemica por ser ligado ao impopular presidente George W. Bush e defender posições conservadoras em veículos como o canal de TV Fox News, Murdoch fala de como os jornais impressos podem utilizar as novas tecnologias para se fortalecer.

Meu susto inicial foi ver o Observatório da Imprensa, site cujo objetivo é propor uma visão critica do jornalismo, reproduzir as falas de um dos maiores e mais polêmicos empresários do ramo. Ao ler percebi o motivo. O texto abaixo é de extremo interesse sobre quem questiona o futuro do jornal impresso.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=515IMQ008

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Eu volteei!!!!

Caros camaradas, depois de meses sem escrever neste blog, decidi retomar as atividades. Agora, além de contos, o conteudo será absolutamente tudo que vier em minha cabeça: de contos até opniões politicas, passando pela cultura.

Espero que gostem do conteudo.

Gabriel Caio Corrêa Borges

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Era apenas mais um gato de desenho animado

Bananas de dinamite, bigornas, marretas e pianos. Esses são os equipamentos que me dão para caçar esse rato, do qual uma vontade estranha me ordena a come-lo. Sim é estranho, pois nunca comi um rato na minha vida. Nem sequer consegui enfiar um na minha boca. Não faço a mínima idéia de qual é o sabor de um rato, mas ainda assim sinto a necessidade de pegá-lo. Creio que não só por instinto, alias instinto é o que menos importa nisso tudo. Creio que tenho de pegá-lo porque é isso que esperam de mim. Seja aqueles que compartilham esta animação comigo, ou seja aqueles que me assistem. The show must going on como dizia Pink (personagem principal da ópera rock The Wall do Pink Floyd). Ser um gato de desenho animado não é facil, na verdade é sofrível. Minha profissão não difere muito de um cortador de cana, sou sempre vítima do meu próprio esforço para pegar este animal. Alias não há ser pior que ratos, no mundo real as pessoas tem aversão destes por causa das doenças, da sujeira e da intromissão, não difere muito de uma barata qualquer. Agora num desenho a lei é a seguinte: o menor vence o maior e ponto. Ratos, aves, peixes e até baratas tem a obrigação de vencer o seu predador, não importa o grau do carater que na maioria desses seres é praticamente nulo eles tem de vencer. Perdão por citar novamente o meio músical, mas como diria Eddie Cochran, não há cura para esse Blues de verão.


Estou falando isso para vocês pelo simples fato de que hoje não foi um dia normal, na verdade, neste exato momento em que falo com vocês, seguro o premio em minhas mãos. Há, me desculpem, deveria ter dito o rato, mas para um gato de desenho animado é de fato um premio. Você deve estar pensando que sou um tolo, pois ele vai escapar com algum truque bolado na manga, é assim em todos os desenhos. Sim eu sei, por isso tive o cuidado de matá-lo de forma cuidadosa. Agora você deve estar pensando que estou subvertendo o desenho animado. Ora bolas, já estou subvertendo em capturar este animal em minhas mãos, rompendo um ciclo aparentemente interminável, portanto nada me impede de tomar tal atitude. Olho bem esta criatura pequena em minha mão, a cabeça grande, os dentes saltando para fora e o pelo cinzento, não vejo a hora de degusta-lo. Peço-lhe então licença para ficar sozinho por um momento, não se preocupem, o animador já deve estar pensando em criar um substituto para este roedor. Possivelmente não será outro rato, pode ser uma ave, um peixe, ou se o animador for realmente um louco, até uma barata pode ser o substituto. Agora peço-lhes que me deixem em paz, por favor. Amanhã lhes contarei como foi a degustação. Até logo!

O Dia Seguinte

Bem como prometi a vocês contarei o que ouve ontem na hora do deguste. Vou logo ao ponto, quando aquele rato entrou em minha boca perdi a razão de viver. E isso é serio, não estou brincando. Sempre imaginei que o sabor de um rato deveria ser como o sabor do néctar dos deuses do olimpo, afinal é o premio maximo que um gato de desenho pode conseguir. Mas o sabor parece muito com o gosto de sabão em pó e a textura é a mais borrachuda possivel. Depois desse jantar indesejável, fiquei refletindo o resto do dia sobre o seguinte assunto: foi para isso que dediquei minha vida toda.

Tanto meu pai como minha mãe como meu irmão mais velho eram caçadores frustados. Foi à triste sina deles e a minha também. Meus pais passaram a vida inteira caçando ratos até irem dessa para a melhor, já meu irmão não aguentou a barra e enlouqueceu, tenho de fazer visitas semanais ao hospício e aguentar o sofrimento de ver o irmão que sofre com alucinações de ratos perseguindo ele, é necessário que ele leve choques para que fique normal temporariamente. E só de pensar que meus pais gastaram a vida toda e meu irmão enlouqueceu por causa do desejo de capturar uma criatura que nós temos a crença de que é um premio, mas que na realidade não difere muito de um Kibe da Sadia me desperta um sentimento de fúria que toma todo o meu ser.

Desenhos animados de gato e rato ja foram feitos em quase todos os formatos: corrida de motocicletas, briga de caipiras e até segunda guerra mundial (esse formato alias não foi em desenho animado, e sim em quadrinhos). Porém, depois de comer aquele rato, percebi que faltavam formatos que ainda não foram explorados e imaginei alguns. O que acham do gato comunista e o filhote de rato, pois afinal de contas, como diziam os integralistas, comunista come criancinha. Ou o gato do Bope e o rato traficante, afinal de contas, como fazem tanta ladainha sobre o filme Tropa de Elite por que não uma versão de gato e rato. Ou o gato Bush e o rato Osama, afinal de contas você não vive sem a sua dupla favorita do noticiario.

Ja é uma formula batida, tão batida como o cenário repetitivo. Talvez as ideias acima dêem uma renovada no gênero. Agora pedirei licença a vocês novamente pois tenho de decidir o meu destino. Continuar a fazer animação nos moldes atuais, ou sair desse negócio porco e procurar um jeito alternativo de ganhar dinheiro. Por falar em alternativo, talvez me alie a um desses desenhistas independentes, um traço novo é sempre bom. Agora vou falar com o chefão. Até logo então. Desejo-lhes uma sorte melhor do que a minha.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O Hipnotizador

Em séculos de Historia, não ouve período mais estranho que a segunda metade da década de 60. Revolução Feminista, Movimento Negro, Guerra do Vietnã e Psicodelismo. Este último o mais complexo de todos, os veteranos da segunda guerra não podiam entender o que levava seus filhos a sair por ai usando roupas coloridas, flores nos cabelos e não comprendiam uma palavra daquilo que seus filhos falavam. Era a busca pela extrema liberdade, a liberdade de sair nu por ai, a liberdade de não ser obrigado a ir a guerra e a liberdade de explorar a própria mente, mesmo que isso lhe custe à vida. E esta nova liberdade ganhou os jornais, e foi em uma breve leitura do New York Times que um homem descobriu uma nova forma de fazer negócios. Filho de poloneses foragidos da segunda guerra, Leon Friedman, vinte e nove anos, ganhava a vida como hipnoterapeuta em uma rua de New York, era fã de Rimbaud, Joyce, Freud e Mesmer. Estes dois ultimos foram que lhe troxeram interesse na hipnose. Seus negocios em New York rendiam pouco devido a falta de interesse (e ao medo) das pessoas. Porem ao chegar uma reportagem especial sobre a nova onda de San Francisco e a ambição de parte dos jovens de "abrir as portas da percepção", seja pelo uso de drogas e cogumelos ou seja pelo uso da meditação, lhe fizeram refletir de que tais atitudes tinham muito em comum com sua ocupação, afinal esses grupos queriam entrar profundamente nos segredos do subconsiente e é isso que ele oferecia a seus clientes. Percebeu então que se tratava do momento exato para dar uma renovada na profissão. Tinha ideias milaborantes. Não apenas ganharia rios de dinheiro como também seria visto como um revolucionário, um vanguardista, um pioneiro de um novo uso para a arte da hipnose.

Para poder concretizar suas ideias, porém, não podia permanecer em New York. Apesar de ter uma cena contracultural promissora, teria de ir até San Francisco, a capital desta nova sociedade, caso quisesse fazer Historia. Felizmente a sorte sorriu para ele, conseguiu comprar uma casa vitoriana no famoso destrito de Haight-Ashbury, o coração da contracultura. Animado, arrumou as malas e pegou o avião para sua nova casa em San Francisco.


Leon já conhecia a comunidade hippie de New York, era comum encontrar no Central Park hippies meditando sobre o gramado do velho parque. Porém ao se deparar com o destrito de Haight-Ashbury, percebeu que aquela reportagem do New York Times não era mera idiotice da mídia. Nunca em sua vida viu lugar tão bizarro. Era como se aqueles hippies de New York tivessem iniciado um exodo para San Francisco e no caminho iam "convertendo" os jovens que encontravam para os seus ideais. Não conseguia acreditar que iria morar em tal lugar. Mal deu dois passos e ja encontrou o primeiro "aditivado" da região, era um homem barbudo que usava uma roupa verde rasgada e varios cordões sobre o pescoço, andava dando voltas de 180 graus e gritava palavras ininteligiveis. Enquanto seguia caminho até sua nova casa, observava os abitos locais e tinha a vaga sensação de estar num circo de bizarrices.


Ao chegar a sua nova casa, desarrumou as malas e começou a planejar a organização de seu negócio. Não tinha nada pronto ainda, a ideia continuava ainda muito vaga era necessário organiza-la e não fazia ideia de como propagar o seu negócio. Porém estava otimista demais para ficar se preocupando. Começou a anotar em um pequeno caderno de bolso e aos poucos foi organizando as idéias bagunçadas.


Uma placa. Uma simples placa para Leon era o suficiente para atrair clientes que iriam espalhar seu negócio boca a boca pela cidade, assim pensava este astuto anti-heroi. Na placa estava escrita a seguinte frase:"Conheça outro método para abrir as portas da percepção. Experimente a hipnose de Leon Friedman e se aventure no mais oculto espaço do seu subconsciente.". Esta frase atraiu o primeiro cliente de Leon em San Francisco. Um homem gordo de barba e cabelos grandes, usava uma camizeta apertada com a estampa de uma caveira com um emblema na parte superior, o emblema era um circulo divido ao meio por um raio, uma metade azul e a outra vermelha. O homem disse que leu a placa que estava na rua e sentiu curiosidade de experimentar esse metodo alternativo de "viajar". Leon mandou ele se sentar na cadeira e pegou um cordão com um pedaço de cristal na ponta, sussurrou bem calmamente e girava o cordão na frente dos olhos do homem. Quando este entrou em transe, Leon lhe ordenou-lhe que entrasse o mais profundo em seu subconsciente e relata-se o que via. Ao terminar a seção o homem falou que era completamente diferente das viagens que tivera antes, pagou a Leon a taxa exigida e saiu.


Depois daquela seção os negócios de Leon estouraram, toda a comunidade local vinha experimentar seu metodo de hipnose, inclusive celebridades locais o que consagrou de vez o consultório de Leon. Mas não foi só ele quem comessou a influenciar San Francisco, pois a cidade já estava exercendo forte influencia sobre ele também. Aquele homem judeu que tinha chegado de terno e gravata e que estranhava os habitantes do destrito parecia ter desaparecido completamente. No lugar dele surgiu um cara que usava oculos de lentes rosadas, trabalhava sempre de pijama colorido e tomava Ki-Suco "especial" frequentemente.


A chegada de uma hippie de 16 anos no consultório de Leon foi a ocasião que desequilibrou sua vida definitivamente. Ao chegar no consultório contou a Leon sua historia, de como tinha fugido de casa por não aceitar mais o conservadorismo familiar e o romantismo religioso destes. Leon mandou-a sentar e iniciou a seção de hipnose. Porem esta transformou-se no inferno pessoal de Leon quando este deu ordens para a jovem acordar, mas a jovem permanecia em transe. Tentou novamente varias vezes e nada ocorreu. Tentou machuca-la dando-lhe biliscões, chutes e até um tapa na cara, mas nada funcionou. Pensou que estive-se desmaiada então fechou o consultorio e a esperou acordar. Mas passadas 4 horas nada acontecia. Seu desespero ultrapaçou o limite quando viu que não teria mais escolha. Visto que não passava de um cadaver vivo, restava-lhe silenciar o corpo. Pegou uma faca de cozinha e a cravou sobre o peito da jovem. Ao perceber a magnitude de tal atitude, não conseguiu acreditar que faria tal monstruosidade. Mas ainda estava desesperado o suficiente para livrar-se do corpo. Amarrou este num saco e o atirou pelo canal de San Francisco.


Depois desse episodio Leon fechou a clinica e caiu no vicio da Heroína que lhe garantiu a pobreza rápida e o esquecimento quase total. Quase pelo fato de que recebera uma inesperada visita de alguem especial no final do glorioso ano de 1968. Faltavam duas horas para acabar o ano e Leon se picava constantemente em sua casa quando alguem bateu na porta. Leon não acreditava que alguem ainda o procurava. Ao abrir a porta levou o maior susto de sua vida. Reconhecera aqueles cabelos negros e aquela face macia. Era a jovem que matara. Mas sua roupagem era diferente, não usava mais as coloridas vestes hippies, era um vestido negro que cobria até os pés e que detia um formidável ar de elegância. Leon numca tivera tanto medo em sua vida. A jovem falou:
- Ja está na hora de irmos, melhor vir comigo logo, pois meu irmão quer acertar uns negócios com você.
Leon assustado exclamou:
-Mas...mas como...co..como, eu lhe joguei no rio, eu me lembro, eu me lembro!
A jovem riu maliciosamente e disse para leon:
-Não sou a jovem que você jogou no riu, apenas tomei a forma dela para brincar com você um pouco. Aquela jovem que você viu é fruto de um acordo de meu irmão com o destino feito para desequilibrar você.
Confuso e assustado, Leon perguntou:
- Afinal quem é o seu irmão e quem é você!?
A jovem olhou maliciosamente para Leon e respondeu:
-Vou lhe dar uma dica querido: meu irmão tranquiliza as pessoas temporariamente e eu as tranquilizo eternamente.
Leon ficou confuso, porém, depois de um tempo lembrou-se das suas leituras de mitologia grega que afirmava que o parentesco entre o deus do sono ,Hypnos, e a representação da morte,Tânatos. A jovem confirmou:
-E exatamente isso que você esta pensando.
Apavorado, Leon não conseguia crer no que estava vendo e perguntou:
-O que vocês querem comigo?
Tânatos olhou com desprezo e falou:
-Eu nada, só vim concluir o meu trabalho, mas meu irmão não gostou muito da forma que você o tratou, ele não gostou do jeito que você fez uso do sono para ganhar fama e fortuna. Por isso ele tramou uma vingança, pediu para as Parcas tecerem seu destino conforme ele queria e ocorreu o que você presenciou, mas ainda falta uma etapa da vingança e ele esta com presa para conclui-la, portanto quero leva-lo logo pois tenho outras visitas para fazer.

Não acreditava que seria castigado por um deus, era algo irreal para ele, porém quando Tânatos se aproximou, à unica atitude desta foi um sutil estalar de dedos. Após este ato, Leon viu-se num consultório psiquiátrico e depois de um tempo percebeu que havia sido hipnotizado. Perguntou ao doutor como fora a seção, pegou seu chapeu e foi embora andando pelas ruas de Varsóvia. Ficou tão chocado com a seção que nem lembrava que era o termino do ano de 1928.

Sobre o Blog

Já fazia tempo que desejava criar um Blog para escrever contos sobre absolutamente tudo que minha imaginação louca cria. Portanto não se espante caso você esteja lendo um conto e apareça algo como gatos falantes, ou o retorno da União Soviética ou qualquer outra loucura.
Claro que este espaço não sera dedicado exclusivamente aos contos, também haverá resenhas, artigos de opinião e mais outros textos. Mas o foco principal(pelo menos por enquanto) serão os contos.
Influencias de Kafka, Joyce, Anos 60 e outros podem ser facilmente encontradas, portanto nada melhor do que ler um conto ouvindo o bom e velho Rock n' Roll.